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Foto do escritorGéssica D'Paulla

A escala 6x1 e o adoecimento mental da classe trabalhadora

Por Géssica D'Paulla*

Imagem da manifestação do movimento VAT (Vida Além do Trabalho)


A classe trabalhadora é constantemente atingida pelo adoecimento mental nos seus locais de trabalho – espaços marcados pela cobrança desmedida e pela negligência quando se trata de acolhimento e escuta. Sem apoio, sem cuidados, esses trabalhadores se veem cada vez mais sobrecarregados e deslocados dos próprios pensamentos, presos em um ciclo onde as demandas sufocam e a exaustão é permanente.


Essa dinâmica não é acidental. Ela é parte de um projeto do capitalismo, que busca, acima de tudo, lucrar à custa desses corpos, que fornecem mão de obra barata e aceitadora das imposições para sobreviver e sanar suas dificuldades. Mas um corpo adoecido não gera lucro, e, quando isso acontece, é simplesmente descartado, substituído como uma engrenagem que perdeu sua utilidade.


Dentro desse cenário, a escala 6×1 se torna símbolo de um sistema adoecedor e impiedoso. Trabalhar seis dias seguidos para ter apenas um de descanso significa viver em um estado de acúmulo de estresse, fadiga e esgotamento mental e emocional. Significa ser roubado do direito de estar com a família, de viver momentos importantes, de sentir o afeto e se fortalecer com quem se ama. O resultado? Mais sobrecarga, mais desgaste, mais afastamento do que faz a vida ter sentido.


Reivindicar o fim da escala 6×1 é lutar por dignidade, por reconhecimento, por humanidade. Se tudo é construído pelas mãos da classe trabalhadora, por que ela ainda é a que mais adoece, a que mais sofre, a que mais comete suicídio por conta de ambientes insalubres e desumanos? O ciclo de exploração e descarte precisa ter um fim. A saúde mental dos trabalhadores não pode continuar sendo negligenciada.


A luta pelo fim da escala 6×1 é um chamado urgente para que o direito ao cuidado com a saúde mental seja garantido por lei e respeitado em todos os espaços. Afinal, é a classe trabalhadora que tudo produz – é ela que move o mundo e merece ser tratada com a dignidade que seu trabalho constrói.


*Géssica D'Paulla é editora da Clio Operária e fundadora do projeto Saúde Mental nas Periferias.

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